terça-feira, 12 de novembro de 2013

Dona Rosita: exemplo de fé e esperança!

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Uma das coisas mais difíceis de fazer em momentos como esse é dizer alguma coisa. Geralmente substituo as palavras por um abraço. É o que eu gostaria de fazer hoje: dar um grande abraço na Maria Coêlho e no Gervásio. Digo isso porque também já passei por situação semelhante. E sei que nessas horas as pessoas precisam de tempo para si mesmas. 

Não para tentar compreender o porquê de tudo estar acontecendo justamente com elas - já que algumas coisas não têm explicação racional -, mas para tentar aceitar a vida como ela é: com tudo o que ela tem de trágico e imprevisível. Não é tarefa fácil. E exige muita força para superar a dor e o sofrimento. O silêncio e a introspecção aqui talvez sejam o melhor consolo.

Porém, ao mesmo tempo, sinto uma necessidade premente de dizer algumas palavras, ainda que breves, em homenagem a essa mulher simples de nome Rosa da Natividade Oliveira Coêlho - a Dona Rosita, que conheci há muitos anos e que era grande amiga da minha mãe, Neném Coêlho. Toda vez que minha mãe chegava na casa da Maria Coêlho em fins de tarde para conversar já ia logo pedindo “o cafezinho da Dona Rosita”. 

E foi ali, naquele ambiente simples e aconchegante, em companhia de mãe e filha, que se solidificou uma amizade e um amor fraterno entre duas famílias que se perpetua até hoje. E tudo isso graças a Dona Rosita, esta mulher forte, serena e extremamente lúcida, mãe de três filhos e avó de netos e bisnetos. Mas como falar de Dona Rosita sem mencionar a palavra “fé”? Uma das grandes virtudes dessa mulher era sua profunda religiosidade. Católica praticante, lembro que ela não queria morar em outro lugar justamente para não ficar longe da igreja. 

Em que se fundamentava esse sentimento religioso, tão difícil nos tempos de hoje, e que lição que isso nos traz? O pensamento de Miguel de Unamuno talvez nos dê alguma luz nesse momento turvo. Diz ele: “Crer em Deus é ansiar que ele exista e, ademais, é conduzir-se como se existisse: é viver desse anseio e fazer dele nosso motivo íntimo de ação. Desse anseio ou fome de divindade surge a esperança; desta a fé, e da fé e da esperança, a caridade; desse anseio partem os sentimentos de beleza, finalidade, bondade”. 

Era, portanto, desse anseio de divindade que Dona Rosita fazia o motivo maior de suas ações. Era dessa profunda religiosidade que ela extraía a razão para sua existência. E foi esse amor incondicional por Deus que sem dúvida alguma a transformou num belo exemplo de fé. E é somente essa fé que poderá trazer alguma esperança para quem fica, pois, como disse Fernando Savater, “Crer em Deus é crer em sua possibilidade de nos resgatar da morte, em sua capacidade absurda e triunfal de vencer a necessidade depois de ocorrido o irreversível”.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.
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