Blog do Kim Pereira - domingo, 15 de novembro de 2015
Do G1 MA
ÍTALO EDUARDO BARROS, DE 30 ANOS, MORREU ANTES DE DAR ENTRADA EM HOSPITAL.
CRIME ACONTECEU POR VOLTA DAS 18H45, EM FRENTE A COMERCIAL DA CIDADE.
Um blogueiro foi morto na noite dessa sexta-feira (13) a tiros na cidade de Governador Nunes Freire (MA), a 181 km de distância da capital maranhense, São Luís. Ítalo Eduardo Diniz Barros, de 30 anos, foi atingido por quatro tiros disparados por dois suspeitos em uma motocicleta, e morreu antes de dar entrada no hospital da cidade. Os suspeitos, ainda não identificados, fugiram.
O crime aconteceu por volta das 18h45, em frente a um comercial de Governador Nunes Freire. Ítalo estava acompanhado de um amigo, identificado como Werbeth Matheus Castro, atingido com um tiro no braço e outro nas costas, e foi socorrido.
Segundo informações confirmadas pelo pelotão de Polícia Militar do Maranhão (PM-MA) da cidade, o Ítalo era ameaçado por algumas publicações que fazia no seu blog. Na descrição do blog, ele escreveu que o trabalho “nasceu de uma vontade popular de querer um veiculo de comunicação que reivindicasse o direito do povo” e deixa clara sua motivação política.
As investigações já foram iniciadas. Pela manhã, equipes da PM-MA e da Polícia Civil estiveram no local para obter imagens de câmeras de segurança do comercial próximo onde aconteceu o crime, mas os três equipamentos disponíveis estavam desligados. O G1 tentou entrar em contato com o delegado titular do município, Marcelo Magno, para apurar outros detalhes sobre o crime, mas ele não foi localizado.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA) enviou uma equipe da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de São Luís já na madrugada deste sábado (14) à cidade para reforçar as investigações. As equipes fizeram coletas de vestígios como cápsulas de armas, entrevistas com testemunhas em busca de características dos suspeitos e detalhes sobre o crime. “A orientação que foi dada é que as equipes locais fizessem os levantamentos sob orientação da Superintendência de Homicídios, já que nós não tínhamos esses profissionais especializados na região”, afirmou no início da tarde o delegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros.
Barros diz que é cedo para especular sobre as causas do crime, mas assume que a hipótese de execução dão deve ser descartada pela polícia. “O modus operandi das execuções que nós tomamos conhecimento hoje em dia é normalmente desencadeado dessa forma, com indivíduos em motocicletas, com vários disparos contra a vítima. É cedo para falar sobre os motivos, mas existem especulações sobre que a vítima faria postagens de cunho político e teria desagradado políticos ou outras pessoas da região. Obviamente, em se tratando de um blogueiro, de um profissional que trabalha com informação, essa linha não pode ser desprezada. Acaba ganhando contornos muito fortes e que devem ser aprofundados”, completa o delegado-geral
Décio Sá, jornalista morto em São Luís (Foto: Reprodução/TV Mirante) |
O crime ocorre meses após um caso similar de maior repercussão no Estado completar três anos, o do jornalista Décio Sá, assassinado a tiros, aos 42 anos, em um bar na avenida Litorânea, em São Luís. O crime teve repercussão internacional, com manifestação de pesar de entidades como a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Décio trabalhou por 17 anos no jornal O Estado do Maranhão e, na época, publicava conteúdo independente no Blog do Décio, um dos blogs mais acessados do Maranhão. Segundo as investigações, ele foi morto porque teria publicado no blog uma postagem sobre o assassinato do empresário Fábio Brasil, o Júnior Foca, envolvido em uma trama de pistolagem com os integrantes da quadrilha encabeçada por Glaucio e Miranda.
A investigação do assassinato de Décio Sá resultou na descoberta de um esquema de agiotagem praticado em mais de 40 prefeituras do Maranhão com envolvimento dos empresários Gláucio e Miranda, de vários gestores municipais, outros agiotas, policias, blogueiros e jornalistas.
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